O Cristo Cego


Michael acredita que é Cristo. Todos pensam que ele é louco. Mesmo assim, ele sai pelo deserto em busca de um milagre, e nessa peregrinação, vemos através de suas andanças, os pés descalços, a boca seca, as roupas encardidas, o Sol escaldante, uma jornada que percorre o desespero de uma sociedade, senão um filme sobre como a fé seria o caminho para sobreviver nesse mísero contexto social. O cenário é o extremo norte do Chile, um lugar tomado pela cegueira religiosa e uma realidade social dramática, ambos os quais consequências das empresas que inescrupulosamente exploram os recursos da região, os minerais e também os humanos.

E nesse panfleto social, na fronteira entre a ficção e o documentário, Christopher Murray filma seu protesto com não-atores, senão os próprios moradores locais, cada qual com sua própria história, o que traz para a tela, certa energia, ou melhor, uma veracidade inusitada. O único ator profissional é Michael Silva. Mesmo assim, ele é nativo da região e também tem uma estreita relação com a fé, assim como seu personagem peregrino, um jovem tentando superar a realidade através desse prodígio, enquanto as comunidades (o público?), pela projeção, essa jornada, aos poucos encontra seu verdadeiro sentido, se convencendo, ponderando, se descobrindo nesse deserto dito humanidade.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Film Factory, incluindo as notas do diretor
RATING: N/T

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VENEZA · SAN SEBASTIAN · RIO · PREVIEW

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