Love & Mercy


Tudo é muito confuso, difuso. São muitas vozes, vários sons, às vezes assustadores, outros angelicais. Um coro que vêm lá de dentro. “Fecho meus olhos e, de algum jeito, ela está mais perto agora”. Tipo… Uma música, ou algo assim. E o que fazer com ela? Que sentido lhe dar? Eis o filme, uma história de LOVE & MERCY, senão o retrato dUMA MENTE BRILHANTE que parte lá do interior do subconsciente, no escuro, em fragmentos, que parece ótimo, talvez o seja, e nesse crescendo, às cegas, cada vez mais forte, vemos a tal faísca, a gênesis, o mito, tudo através do ouvido, dele, Brian Wilson, ou Paul Dano ou John Cusack. E sempre aos olhos de Bill Pohlad, o diretor, o fã. De quem? Beach Boys.

E na tela, nesse sonho azul de música pop e iê iê iê, a câmera surfando pelo sucesso, em Surfin’ U.S.A, cada um, em um oceano, “todos nas ondas dessa Califórnia, sandálias huarachi, penteados bushy bushy, em Del Mar, Via Ventura Santa Cruz ou Trestle. Também na Austrália. Por toda Manhattan”, e nessa rota, pelos discos de ouro, o rush rush da TV dos anos 50, na cacofonia do estrelato, no Chug-A-Lug ou no Cuckoo Clock, vemos o vislumbre de um artista e um salto ao futuro, ao que se tornou, a mente mais confusa, sozinha, apavorada.

Então são duas histórias: Dano em busca de “Pet Sounds”, Cusack em busca de “Smile”. E por elas, o pânico do artista, suas síndromes e paranoia, a baixa estima, a falta de “Good Vibrations”. Talvez seja a pressão do pai, da banda ou do doutor. Sim, eles são meio difíceis, sabemos. “God Only Knows”.

E esse é o segredo: A música, um som totalmente novo, sendo criado ali, nesse cinema, durante a projeção, os melhores no ramo trabalhando em algumas ideias, experimentando. “Oh, com licença, é bum, bum, bum. Isso. Vamos tentar. E de novo, mais um take, um, dois, um, dois, três, um pouco mais suave, dois baixos em dois tons diferentes” e, sim, dá certo em (nossa) cabeça porque tudo está tocando em (nossa) cabeça. A orquestração e os cinco vocais, os grampos, a buzina e os cachorros. Os sinos… “E o que fazer com isso? Nada, já era. Foi só para você”, como uma voz que surge de repente. Ou senão nossa alma brincando por aí, por esse filme, essa melodia. Não à toa o final. SMiLE.

RATING: 67/100

TRAILER

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REVIEW · BERLIM · TIFF · RIO

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