Party Girl


I’m a party girl
Do a twirl
See my eyes, throw a glance
Can’t you see I’m a natural


Como na canção de Chinawoman, não importa, o que vemos é apenas algum divertimento: Ao fundo pretty girls, meninas dançando, bebendo, no escuro. É tudo um truque. E do outro lado da sala, entre piruetas e sexy girls, a câmera se aproximando, aos poucos, em cena, um anjo, Angélique. E por seus olhos, imensos e verdes, todo esse filme, senão a história entranhada em cada ruga, em cada gole de bebida barata, a melancolia dessa PARTY GIRL, cujo passado, ninguém sabe, cuja arte, ninguém sabe. Crazy girl de mil e uma noites, outrora selvagem, hoje tão frágil. Tão só. Funny girl. Sad movie.

Um filme de amor, de uma mãe com seus filhos, de um cineasta com sua mãe, a protagonista sessentona, dançarina de cabaré, que afoga seu medo no álcool e nos amores pelo receio de envelhecer, de se perder, de duvidar. Então, o dilema de se casar (ou não) com um ex-cliente e o temor de restaurar uma família estilhaçada, a sua própria, diante dos quatro filhos, quatro produtos de amor de qualquer noite, e de diferentes pais, todos os sinais de uma vida rica, talvez divertida, que ela terá que abandonar. E seguindo tal caminho, sempre ao redor desse rosto marcado pelos excessos da vida, os jovens cineastas filmam o retrato dessa mulher receosa de um futuro e absorta no passado, entre o casamento (monótono?) e a liberdade (agradável?).

Sim, a meia vida… O meio filme entre a ficção e a realidade, na fronteira entre a França e a Alemanha, e ali na Alsácia, nesse lugar mergulhado na cultura viva, no espírito festivo, meio blasé, de um mundo que ficcionaliza a vida como ela é: Os almoços de família, os jantares com os amigos, um passeio no parque, no supermercado, com os filhos, os netos. Angélique nos seduzindo, seu charme transbordando os frames, em cada sequência, e ao mesmo tempo, sua personalidade sendo domada, uma leoa dentro de um ambiente domesticado, contido. Mil perguntas em sua cabeça. Na nossa cabeça. Quem é essa mulher? Alguém realmente livre, espontânea e generosa? Ou alguém egoísta, inconsequente e irresponsável? Ninguém sabe. Nem a última cena.

I used to cry
But now I don’t have the time
I used to be so fragile but now I’m so wild
So wild

RATING: 69/100

TRAILER

BÔNUS

Article Categories:
FILMES · CANNES · RIO

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