O Oscar 2011 em Rede Social


Finalmente o Oscar 2011 está na internet. No Twitter, no You Tube, no Facebook… Então, nada mais natural que A REDE SOCIAL esteja no Oscar, em papel de protagonista. De favorito! Sim, porque o filme de David Fincher é o concorrente a ser batido no dia 27 de Fevereiro. Favorito da crítica, do publico, da bilheteria; Ganhou tudo nessa temporada de ouro do Oscar. Não falhou nenhuma vez, em nenhuma lista. É unanimidade. Pode não ser o melhor – não é -, mas satisfaz o ego de justiça e proteção que a Academia procura.

Há outros contenders? Naturalmente. A cotação de BRAVURA INDÔMITA cresce na proporção de sua renda mundial. Mas o Oscar de ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ ainda pesa na memória. Não tem sentido premiar os irmãos Coen novamente em detrimento de Fincher que jamais ganhou, mesmo com um currículo de SE7EN, ZODÍACO e BENJAMIN BUTTON. Pelo mesmo motivo, 127 HORAS se auto sabota: As lembranças – ou arrependimentos – de premiar QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? ainda estão fortes demais.

TOY STORY 3 é uma possibilidade. É indiscutivelmente um dos melhores filmes do ano, mas para o Oscar isso não pesa tanto e o filme da Pixar, aos poucos, cai no ostracismo de um coadjuvante de luxo. É animação, sua trilha musical foi desclassificada, seu roteiro foi desqualificado no Prêmio do Sindicato dos Roteiristas, um importante precedente. Não, Pixar, não será dessa vez. Contente-se com o Oscar de Filme de Animação.

Resta O DISCURSO DO REI e CISNE NEGRO, títulos empenhados demais em promover seus protagonistas: Ele, o rei. Ela, a bailarina. O filme de Tom Hopper enche os olhos com sotaque britânico, filme de época, estilo clássico, elenco forte, tutela dos irmãos Wenstein. Mas é uma fita tão engasgada de prêmios quanto o personagem majestoso de Colin Firth – O ator do ano (Já o era em 2009 com DIREITO DE AMAR). Essa é a chance da Academia em reparar um erro que por sinal foi cometido para reparar outro muito mais antigo: Conceder o Oscar a Jeff Bridges por CORAÇÃO LOUCO, ano passado, ao invés de Colin Firth. Curioso… Jeff retorna agora com BRAVURA INDÔMITA, muito melhor que seu cantor country. Pois é: A justiça tem suas ironias…

Em prol da justiça, Natalie Portman, a atriz do ano, é ao mesmo tempo favorita e zebra. Se prevalecer os critérios técnicos, a perfeição de sua Nina será coroada com uma estatueta. Fato comum em todas as premiações do ano. Por outro lado, se a Academia voltar os olhos ao passado – e ela geralmente faz isso – o favoritismo cai no colo de Annette Bening. A atriz, que arrebentado de gravidez foi receber seu Oscar em 1999 por BELEZA AMERICANA e perdeu para Hilary Swank. A “ADORÁVEL JÚLIA” que, de novo, era favorita em 2004 e, de novo, viu Hilary Swank triunfar. Agora as convicções de Hilary são poucas. E esse era literalmente o ano de Annette. Talvez ainda seja. Talvez não.

Parece ser o ano mesmo de Christian Bale, o menininho dO IMPÉRIO DO SOL que cresceu e tornou-se o novo Batman. Um ator esforçado que esculpe seu corpo para cada papel. Talento? Não muito… Mas é esse poder camaleônico encarnado em cada personagem que potencializa sua carreira. Novamente em O VENCEDOR ele surpreende: Feio, magro, desdentado. Já vimos isso em O OPERÁRIO, mas agora ele está num filme de grife. Está na vitrine. Está bem. O Oscar de Coadjuvante é seu.


Não digo o mesmo das meninas: Em O VENCEDOR, Amy Adams e Melissa Leo brigam entre si na tela e fora dela. Disputam cada prêmio com igual favoritismo e se enfraquecem mutuamente na corrida do Oscar. Sorte de Helena Bonham Carter, sempre ignorada, sempre a sombra do marido. Sorte de Jacki Weaver, a leoa do REINO ANIMAL. Sorte nossa, por uma categoria tão aberta e imprevisível.

O Oscar acaba aqui: Voltemos às origens. Voltemos A ORIGEM. Está tudo acertado: A REDE SOCIAL é o melhor filme do ano: Oscar de Melhor Filme, Diretor e Roteiro Adaptado. O filme de Christopher Nolan é o melhor filme do ano também: Oscar de Melhor Roteiro Original, Direção de Arte, Fotografia, Montagem, Trilha Musical, Efeitos Especiais, Mixagem de Som e Edição de Som. A REDE SOCIAL e A ORIGEM vão dividir o Oscar entre si. Cada um fica com uma estatueta de Roteiro. Um leva os Prêmios Artísticos, o outro fica com os Prêmios Técnicos. Todos ficam felizes: O público, o cinema, a indústria e, finalmente, o Oscar.

O Oscar ansioso em agradar, faminto de audiência e sedento de jovialidade. Que venham James Franco e Anne Hathaway com sua beleza e charme. Que venham os atores “Crepúsculo”. Que venham os musicais “Glee”. Que tudo seja burlesco. Que BURLESQUE ganhe o Oscar de Canção. Que Cher apareça e triunfe. Então fica o palpite: As canções indicadas voltarão ao palco do Oscar. É irresistível demais privar Cher de sua mídia. De seus vestidos. Seria delicioso vê-la.

Como está deliciosa a briga entre os documentários: Empatada, acirrada, diversificada. Essa é a categoria que vai desempatar qualquer bolão. De um lado as excentricidades – ou genialidade – de Bansk (EXIT THROUGH THE GIFT SHOP), do outro o TRABALHO INTERNO de Charles Ferguson em denunciar as engrenagens da corrupção das hipotecas americanas. No meio de tudo, Davis Guggenheim pedindo socorro: Esperando por Superman ou, que sabe, por mais verbas na educação. Três linhas de raciocínio diferentes. Três estupendos filmes. Apenas um Oscar.

Falta falar de Annecy. O Festival que, poucos sabem, define o Oscar de Curta de Animação. Não é regra, mas vale na prática. Sob os holofotes estão a Pixar (DAY & NIGHT), Papa-Léguas e Coiote (COYOTE FALLS) e os traços sarcásticos de Bill Plympton. Todos, em tese, favoritos pelo nome e reputação. Mas não são… Nenhum deles participou de Annecy e aqui vale a regra (que não é regra): THE LOST THING, melhor filme em Annecy, é o grande favorito. O francês MADAGASCAR, CARNET DE VOYAGE corre por fora. E por quê? Porque ganhou em Annecy também.

Encerro com os estrangeiros: França e México dividem o favoritismo. Canadá, Dinamarca e Alemanha aparecem no segundo pelotão. America do Sul? HERMANO da Venezuela e CONTRACORRENTE do Peru são os mais fortes. LULA, O FILHO DO BRASIL é a zebra da zebra. Um erro, aliás. Não digo do filme, mas da comissão que o escolheu.

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